segunda-feira, 14 de novembro de 2016

[lado alados]


não somos feitos de pra sempres
os possíveis vivíveis são fugazes

eterna só a lembrança


é terno
enquanto
enlaçados

memória rebobinando
o instante
em que ambos viveram
lado
alados


(jm)



domingo, 13 de novembro de 2016

~ a dor é uma mulher ~



a dor é uma mulher

que sangra
e sem parar
continua

a dor é uma mulher

que não dorme
mas estará desperta em seu acordar

a dor é uma mulher

que aumenta a farinha da panela
quando a mistura faltar

a dor é uma mulher


que mesmo feliz
sente culpa
se o mundo está prestes a acabar

a dor é toda da mulher

e
cuidado
ela só aceita
do ar


(jm)


~ em mãos ~


não há consolo possível
quando se nasce
beirando precipícios

mãos aparecem

oferecem-se

-aceito-


por um tempo é seguro




mas nunca suficiente,



(jm)

(escavadores)


não sei de mim

de nós

nem de futuros

vivo refazendo o passado
e não me contento


evito tanto os erros
que acabo colando-os em mim

me seguem a cada passo que dou
na direção do que não existe


te quero
com a determinação dos escavadores nas prisões
silenciosa
lenta
e diariamente


um pouco de esperança
é o que importa

pode salvar o agora
em nome de algum amanhã


que talvez

chegue


(jm)


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

[ vertigem ]



a vertigem da dor
sempre doída

severa

e comprida...

estar em constante busca

pela rota de fuga


morando em rua sem saída.


(jm)


out/16


[olhar o umbigo]



olhar o umbigo
antes de agir

mascarar os medos
antes de se apresentar


há pressa no julgo

sempre que não se está no lugar


(jm)

out/16