quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

< inspiração >

a inspiração do ser em exercício
a pressão do relógio que corre atrás do ser e obriga a passos largos incessantes

o ócio não existe mais,
esse luxo coube aos artistas de berço
aos da periferia,
poesia só enche barriga
em horário de almoço.

(jm)

terça-feira, 10 de novembro de 2015

[lag-rima]


vale mais
a lágrima
caindo em sincronia

olhos
espelhando
agonia
de um

o amor
é esse dividir

tudo


melhor se mútuo
mas há quem prefira
não

re
partir


[jm]


{pressa}


a pressa
se amarra
ao vagar

enrosca-se
nos próprios anseios
e não sai do lugar

o que era pra ser
dito e feito
foi pensado e adiado

hoje
claro
fadado ao fracasso

não por serem inimigas
mas porque é inatingível
a sem hora
perfeição


[jm]

no viver a gente aprende #1



no viver a gente aprende que:

lágrimas são urgências
regando esperanças
antes que morram

[jm]

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

poemaniversário - Felipe


em alto mar
construiu morada
vida nova
implica sair do chão

ondas não cessam
e levam-no a qualquer lugar
vem e vai
dali pra cá

saltos nos mapas
minuto a minuto
olhos são poucos
pra tanto ver

fronteiras invisíveis
barreiras diárias
na ordem do dia
todas a vencer

pessoas chegam
pessoas vão

só ele fica


pés e mãos
trabalham muito
mas a mente
é quem acumula funções

sem descanso

saudade
com fome dos teus
alimenta-se de lembranças
e lágrimas

aos poucos
aceita
destinos muitos

sente o amor imenso
tanto quanto o mar
que carrega

em barco eu


(jm)


domingo, 8 de novembro de 2015

cuidado: fraude



os lapsos
de sanidade
quando ocorrem
me fazem querer
fugir da frágil
fraude
realidade

escorro corpo
com vida
mas morro

declino caminhos
e torço
pra que algo dentro rompa
torto

há de haver
um jeito
pra fazer o agora ser novo

[jm]

terça-feira, 3 de novembro de 2015

inter net



interninhas: 

se você não entendeu,

<muito provavelmente>

a piada é você.


(jm)


*postado dia 4/11/2011 às 11h58 no Facebook.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

[do(r) amor]


doloridas
dores idas
de amor
es
sofridas

golpes
e goles
muitos

secos

que pararam na garganta

hoje impedem
de
novo
sentir

ou
falar


a língua do passado
assim aprendida

calar



(jm)


exer-SER


difícil
exercer
o ser

ser
simples
sincera
e real

menos cotidiana
ou banal

entender as dores todas
sejam menores
ou iguais
a de todos os outros
como eu
mortais

mas não
fico nessas
de "especial"
ilusão do ego
que te induz
aos juízos desiguais

no prejuízo
todos somos iguais

demorei
mas aprendi

do olho umbigo
não enxergamos bem
é preciso limpar
lentes e mentes antes
afinal



<jm>

[não morreu]


tudo que a gente quer muito
matar


sobrevive


.



tudo que a gente quer muito
reviver


morre


.


a depender do momento
do que se escolhe
e do intuito do seu
fazer

lembre-se de inverter


<jm>

domingo, 18 de outubro de 2015

mantra



não fale o silêncio

exponha-se menos

há que se ter estratégia, menina

aquilo que te dói não tem saída

sua luta é pro mundo ter melhor serventia.


(jm)

tempo de vida?


quantos dias de vida?
pergunta ao médico

mas por dentro sabia
que a vida nunca fora sua

a partir de agora,
jura pra si,
independente de quantos,
faria que fossem.


(jm)

eco




escuto
dentro e
fundo

do que passou
hoje resta
o eco

ressoa
em mim
tudo teu
que ficou


(jm)

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

{és quadrinhas}



se eu vejo pela rua
criança de cabelo ao vento
corro logo já pra junto
aproveitar cada momento


*

escola é cheia de paredes
pra criança não escapar
professoras dêem licença
pros meninos ir brincar

brincar de muito ensina
muito mais que só sentar
preste atenção professorinha
experimente observar

criatividade, sapiência
neles sempre a morar
a escola é que não deixa
criançada se expressar

só deixando o novo vim
é que o mundo vai mudar
chega de lição vazia
fecha o caderno vem brincar



(jm)


<exercícios realizados na oficina "Palavra Poética" com Antônio Nóbrega, outubro/2015>

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

(um dia)



finjo não me importar

disfarço

faço oculta dor

de amar



congelo dedos

pra não mais

em palavras entregar




sinto muito


minto ainda mais


dor não há

tudo vai bem




é só continuar

seguir

daqui pra lá




por dentro
desejo:

um dia para de sangrar




(jm)


o tempo de preparo acabou
agora é chegada hora de provar quem soube melhor se guardar

um mundo fechado
na fachada do ser
que nunca foi
só teve

e ainda pouco
sentia oco
vazio 

peito vida
pedindo companhia
perdido vagou

sozinha lida
doentia sina 
de uma falta coletiva
que nunca sanou

[não fomos feitos para o ímpar]

(jm)



sexta-feira, 10 de julho de 2015

tamanco


medos tantos
vícios tamanhos

perdas e ganhos
baixa estatura
e tamanco

muito crer
ou nem tanto

se fico
ou se danço

não defino
é tudo por enquanto.



(jm)

quarta-feira, 8 de julho de 2015

descaminhos



perdoa os descaminhos
perdoa?
mas é que uns nascem pro amor
outros pra



amar


(jm)


[meu mundo]


queria entender
de onde vem as certezas

essas todas que vocês mostram
dia-a-dia
assim tão seguras

meu existir
sempre foi regado com
baldes e baldes
de dúvidas

sabe,
respostas encerram a busca

meu mundo
é lugar de perguntas


(jm)



segunda-feira, 18 de maio de 2015

pá lavrar


palavras não inauguram cárceres
também não libertam os já condenados

verdades encontro no olhar
ouço do corpo
movimento
vida
e paixão

muito mais do que os papéis possam mostrar

(jm)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

re-encontros

do inesperado
surge o belo genuíno
o desregrado
muda caminhos
aproxima almas nobres
faz crer que se entregar ao viver 
é sagrado


(jm)

domingo, 10 de maio de 2015

in fértil



nasci flor
se hoje pareço pedra
foi a vida que não regou


(jm)

atravesSer


atravessando
a si
aos outros


olhar
com passado

vida
presente


(jm)


foto copiada da fanpage "Os Poetas da Rua"

das voltas


sou ritmo
som
métrica
ou não
sumo
perfume
caos e 
inundação

aprecio poema
vazio
que dá voltas
e voltas
na imagem
sem sequer esboçar um sermão

[poesia mensagem
mesmo que o poeta diga
não]


(jm)


presentes


muitos 
me inspiram
muitas
me representam

vivos e mortos
compondo cenas
incorporando-se na memória
na arte

pro mundo devolvo tudo
transformo
do meu jeito
sem embrulho


(jm)


livrAR


me livro
algo se movimenta

ar
matéria
ideias

vire a página
e permaneça

leve algo da lida
deixe célula tua
a ser recolhida
partícula memória
em qualquer esquina


(jm)


terça-feira, 28 de abril de 2015

lados


és
passos
com
passos

preencho
folhas e lados
braços e lábios

mostro as dores 
feridas e fardos

estrofes
versos

sempre alguém ao lado

nem sempre de fora


(jm)

romper



lembrar de romper
romper o ciclo
opressor > oprimido
oprimido > opressor

não há de ser caminho inverter tabuleiro
trocar de lado não muda jogo perdido

respira
respira

não devolva em igual moeda,
sair desse ciclo é que liberta.

(jm)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

gol(p)es


nesses tempos
soa difícil
revolucionar

soa difícil
amar

soa difícil
aguentar golpes
fortes tão fortes
que enquanto escrevo
sinto tinta sangrar

(jm)

quinta-feira, 23 de abril de 2015

alfabetizando


caminho nada suave
escolhido rumo sem cartilha
pontilhados engessam passo

seguir livre
é escrever trêmulo
impreciso
verdadeiro

oposto do mais vendido

talvez seja hora
de um novo
começo

(jm)


sábado, 18 de abril de 2015

árvore dá vida


caem
folhas
caem
frutos

a árvore
sabe a hora

quando pesa
quando sobra
derruba

do alto
pode ver
a decomposição

novo destino
do lançado

alimentar raiz
incorporar-se
de novo
onde nasceu

o tempo
do alimento
adubo
voltar a brotar

eterno ciclo
meu

(jm)

t (r) ama



divagar
se ama

longe

(jm)

voraz cidade


na sede do corpo
devorava as letras

beijava ideias
deslizava os olhos vorazes
em cada curva
palavra

dizia conseguir sentir os gostos
pele
gozo
ao degustar as rimas
devagar
exalando amor

excitava-se ainda mais
no rebolado ritmado
a provocante cadência
em cada página proibida
adentrando corpo vivo
que sentia
-e era-
poesia

(jm)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

sobre o caos



não adianta
se propor a organizar
o caos alheio

a organização não é só física
ordem provém de dentro

(jm)


terça-feira, 14 de abril de 2015

capitamor


as relações
cada vez
mais monetárias

o amor
custando caro
exigindo mais
que notas
ficando impossível
de
(a) pagar


(jm)

acend


o aceno
do tchau
virou
adeus

na memória
cada dia
menos
teu


(jm)

domingo, 12 de abril de 2015

dejeItos


se me privo,
privada fico


/e aí, só vem merda\

(jm)

rota rato roto


inútil tentar brigar
com roteiro
muito se desenha sozinho

acato
e aguardo
as próximas cenas

protagonista
não dá pra ser todo dia
na trama da própria vida
a gente faz todos os papéis

tem dia de vilão
e mocinha

hoje?
hoje aceitei figuração
e me faço muitas

mesmo sozinha

(jm)

se sabe...


ela não sabe
se vale
pelo que diz

se vale
pelo que faz

não sabe
de fato
os porquês
de seu existir

mas se esforça
pra não o gastar em vão

partes tuas
deixa nas lutas

teu tempo dedica
ao que acredita poder salvar

as vezes é a si
as vezes é alguém próximo

quando gulosa
julga alcançar mundo

mas sabe que é limitada
e que se conseguir mudar
e melhorar a si
já será um grande feito

(jm)

sexta-feira, 3 de abril de 2015

3 de abril


São Paulo, 3 de abril de 2015.

À pessoa presente,

<É difícil, mas alguma hora é preciso começar a estudar e falar da própria história.
Aqui o ensaio da parte estruturante da minha. Sobre ela e nós, em seu aniversário.>

Mães dão luz aos filhos e os fazem literalmente, os holofotes se viram e por muito tempo é sacrifício, sacrifício, sacrifício.
Aos filhos, luz. Pra si, sombras.
Primeiro entregam o corpo, pensamento, depois o sono, o tempo. mais pra frente os anos passam e são esses e muito mais.
Não que se esqueçam das próprias vidas mas é frequente colocar-se em último, até mesmo afastar-se dos planos e sonhos pra ajudar no vôo das crias. As vitórias são comemoradas como tuas (e são), as derrotas choradas juntas mas os novos meios pensados e realizados assim também. É quem torce, patrocina e viabiliza muitos feitos, tão nossos.
À minha agradeço cada socorro, mesmo os que não pedi ou notei precisar, eles sempre vieram. Desde as fantasias nas festinhas de escola, o trato no cabelo, a meia calça que faltou na última hora, o dinheiro do táxi, o fogão que sempre cozinhou amor, até as vezes que me decifra com maestria (que não a toa começa com esse conjunto de letras), enxergando a dor profunda que em vão tento ocultar. Mães sabem tudo, não do mundo mas de seus filhos. Sim, não duvide, perto ou longe, elas sempre souberam, sabem, saberão. Sabem porque sentem, se não contam é pra respeitar a sua ilusão de novidade ou não impedir o tom de segredo ao confessar.
Hoje vejo o que esse nosso percurso significou, o quão fundamental é a presença, os laços e as raízes.
Se tenho ou tive algum brilho reconheço reflexo de quem me lançou, na vida, nos livros, artes, debates e reflexões. Crescer num ninho de amor cercada por livros, música e amigos alimentou mais que qualquer item de padaria que por ventura faltou.
Mãe, fizeste-me "crer ser", o ser que sou sem você seria certamente outro (e duvido que melhor).
Então comemorando muito sua existência agradeço tudo que foi, que é e pelo que virá.
Me desculpo por muito também, os feitos e não feitos destes meus 30, mas sei que as falhas e faltas -nossas- também embelezam o processo. São eles, o amor e o erro os ingredientes que nos fazem singular. Me desculpo de novo e ainda mais por me dizer (e sentir) poeta, mas ainda não saber parir nem mesmo uma poesia digna de ti.




ps: A tentativa de escrever é expressar aquilo que a boca ingrata nunca consegue lhe falar, um pouco de gratidão à quem mais merece por ser quem me fez. Hoje assumo mudança, viro os holofotes e devolvo um pouco a luz que sempre me deu. Saiba, no palco da minha vida -mesmo que eu não diga- quem reluz é você.


quinta-feira, 2 de abril de 2015

rio evolução

a revolução
em curso
assim como
e com
palavras

somos rio
que vai

fluindo
por encontro
e contorno

inundação


em tempo de seca
solo
e alma ,
ainda acredito
em quem tem
palavra
e fé
a jorrar

(jm)

que nunca nos falte
águapalavra

terça-feira, 31 de março de 2015

sobre-viver



vivendo pequeno
presente

é que o passado



passa.


(jm)

leve solo



os pés pisam
cada vez mais
leves

não há
porque
negar o solo
que sempre
nos firmou

desista de furar calçadas
a dor sempre será só tua

as pegadas deixadas
podem ser sutis
massagem à mãe

pedras contam
e cantam
depende de como você
as toca
vê?

só renegue o solo
quando for pra voar

por isso
leve
leve
cada vez mais


(jm)

sábado, 21 de março de 2015

presa


envolventes
lençóis
não permitem
saída,

bagunçam-se
nos agitos de vida
em cima
em baixo
pelos lados

entradas
e saídas
deliciosamente repetidas

tanto movimento
sem sair do lugar

é mágico atravessar
os mistérios do corpo,

do teu,
e dos outros.

(jm)

tela quente


nosso filme
se é ficção
não sei

mas há fricção
e só por isso
já vale
o cinema em casa.

(jm)


receita


não julgo
jugo que me cabe
todas as dores
com lágrimas unto
dentro com coragem
e esperanças misturo
até essa massa
virar amor
quentinho
servido pro mundo

(jm)

domingo, 15 de março de 2015

utopia


Utopia pra uns é delírio
Conversa fiada
Falta de realidade
palavra quase exclusiva de adolescente idealista

Já ouvi tudo isso
E um pouco mais

pense bem : será?
A utopia nasce do excesso de realidade que nos fere os olhos e almas
Independente da idade
Quando nos dispomos a ver, sentir além da própria pele, fica impossível não buscar outro jeito de existir.
E nesse exercício,  de buscar saídas outras, encontramos a beleza do humano em nós,  destreinado,  mas pulsante.

Procure,
Encontre,
Alimente
Viva
A sua utopia
Fale dela
Exponha em detalhe
Seja bem dita
E quanto mais dita
Mais pode ser também minha
Do outro
Do outro
E virar causa coletiva
Digna de enfrentarmos as tantas portas e caminhos supostamente sem saída.

(jm)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

sábado, 14 de fevereiro de 2015

física


a física mentiu
esse tempo todo
ela mentiu

dois corpos ocupam
SIM
o mesmo espaço


posso provar?


(jm)

presente


ele ofereceu
sua língua
como presente

ela
que antes não gostava

agora queria que fosse
aniversário sempre

(jm)

vhs


memória é filme

escolhendo gêneros
prefiro aventuras

tenho gravado as novas
em cima dos romances.

(jm)

quentura


corpos quentes
quentes
mas tão quentes

que saíram ao sol
buscando amenizar
a temperatura
interna.

(jm)

se agarro...


cigarro:

junto de você
prometo
és trago.

____


na boca
colado
trago prazer
e vicio.


(jm)

bauman_do


o que posso fazer
se os amores
líquidos
é que têm
matado minha sede?

(jm)


*em diálogo com poesia da amiga Luiza Romão.

solidão?


se sol
lhe dão

deixa
brilhar

(jm)

acha_vê


não há chave
nunca houve

enquanto tú procuras
as portas esperam
destrancadas

(jm)

coração (com)porta


coração não é
porta que
se abre
a toa


não posso
escolher
quem adentra
menos ainda
quem fica

mas cá estou
na torcida
ansiosa
pra que encontres
a de saída.

(jm)

domingo, 11 de janeiro de 2015