domingo, 25 de junho de 2017

| tempo |


o gosto da certeza no beijo ao acordar

o café perfumando a casa enquanto te arrumas pra sair

o abraço que encoraja o abrir das portas

pra rotina que nos afasta em corpos

e faz querer domar os ponteiros do relógio


(jm)

segunda-feira, 19 de junho de 2017

| comportamento |


não sei me comportar
não sei onde encaixo
não me caibo

não sei bem o momento de calar
o momento de dizer
nem mesmo diferencio o momento de ficar ou fugir

não sei
não aprendi

a vida me deu minutos
aos montes

experiências incontáveis

mas eu...
eu não aprendi


não me comporto
como queria
nem como esperam

erro
cada
passo
meu


arrasto culpas
arrasto planos
rasgo contratos
atraso o ponto

perco a hora
perco ônibus
perco fôlego

mas da paixão não saio um minuto sequer
a ela todas as minhas horas
e atenções


meu coração tenta
mas também não (se) comporta.


(jm)


quinta-feira, 15 de junho de 2017

| casa viva |


teu ar
e o do mundo
indo e vindo nas janelas

teu olhar
dentro
e fora
pincela beleza aos móveis

as paredes assistem
todas as cenas
e sorriem ao nos ver dançar

desde os dias em que a paixão
ali fez morada

a casa também respira

e as portas nunca mais foram fechadas.

(jm)


quarta-feira, 7 de junho de 2017

| doença |


o corpo todo protesta ausência do outro imã

dói
dói
dói

invalida perspectivas outras

espirra o hoje
em atchins infinitos

escraviza a mente
só faz pensar uma silhueta
a todo segundo
seduzindo a memória


o apetite passa a ser único

no paladar d'alma viciada

só você
pra encher a barriga

do mundo


(jm)

terça-feira, 6 de junho de 2017

| pingos |


vento anuncia chuva

pássaros recolhem as vidas nos varais

ouço seu som
seguido do cheiro da terra - pouca - molhada

pingos e pingos de algo que alimenta
penetra mundo
faz e refaz o ciclo da vida
incansavelmente

sem falhas



(jm)


sábado, 3 de junho de 2017

| desespero poético |


as palavras guardadas não me deixam dormir

as palavras guardadas me acordam mais cedo


o sol nem nasceu

e já tenho frases e mais frases dançando na cabeça


a poesia não espera o despertador

e não liga para fuso horários


ela tem urgência

e não há nada mais importante a fazer

do que criar poemas


(jm)

| inominável meu |


escrevo
escrevo
escrevo

no começo sem intenção alguma

depois da primeira letra escrita
o fluir absoluto


não sei bem ou mal de quem diz

se me cavalgam
ou se crio de algum escondido inominável meu

só sei que acordo com palavras insistentes a cutucar
a espera de papel
ou tela
pra repousar.


(jm)


| movimento |


do que faz mover-se
de si

acordar com uma nova canção

um coral de pássaros a lembrar que amanheceu



não pedirei velocidade nos minutos hoje

pois quero degustar cada um deles


é um novo dia


e raiou dizendo que podemos ser e fazer o que quisermos

escolhamos a felicidade, então.

não há de ser tão difícil,



(jm)

quinta-feira, 1 de junho de 2017

| junho |


abrir os olhos
com um rosto a sorrir na lembrança

é fácil ser feliz sonhando
mais bonito é levantar-se querendo viver o dia que raiou

ouvir os sons da manhã
a acordar os sentidos
sentir a urgência do viver
abrilhantando a si

e preparando um infinito
para dividir


(jm)