domingo, 4 de dezembro de 2016
sábado, 3 de dezembro de 2016
[fronteiras]
debaixo do céu
meus olhos
abaixo dos olhos
a sede do cheiro
por trás da sede
a saudade
por dentro da saudade
o rombo no chão
muitas camadas invisíveis
fronteiras
entre céu e terra
muitas mais
entre
você
e
eu
(jm)
[simples]
o simples vive dentro
o simples não é tão aparente
veio ao mundo contigo
o simples é profundo
impossível de explicar
o simples não justifica
nem pede licença
o simples é
SIMPLES
de resto
os outros todos tantos
se fazem
simples mentem
(jm)
[vida parede]
a vida parede
tons pastéis
silêncio fora
memórias além
nu desejo
beijos barulho
tinta corpo escorrendo cores
vivas
(jm)
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
[lado alados]
não somos feitos de pra sempres
os possíveis vivíveis são fugazes
eterna só a lembrança
é terno
enquanto
enlaçados
memória rebobinando
o instante
em que ambos viveram
lado
alados
(jm)
domingo, 13 de novembro de 2016
~ a dor é uma mulher ~
a dor é uma mulher
que sangra
e sem parar
continua
a dor é uma mulher
que não dorme
mas estará desperta em seu acordar
a dor é uma mulher
que aumenta a farinha da panela
quando a mistura faltar
a dor é uma mulher
que mesmo feliz
sente culpa
se o mundo está prestes a acabar
a dor é toda da mulher
e
cuidado
ela só aceita
do ar
(jm)
~ em mãos ~
não há consolo possível
quando se nasce
beirando precipícios
mãos aparecem
oferecem-se
-aceito-
por um tempo é seguro
mas nunca suficiente,
(jm)
(escavadores)
não sei de mim
de nós
nem de futuros
vivo refazendo o passado
e não me contento
evito tanto os erros
que acabo colando-os em mim
me seguem a cada passo que dou
na direção do que não existe
te quero
com a determinação dos escavadores nas prisões
silenciosa
lenta
e diariamente
um pouco de esperança
é o que importa
pode salvar o agora
em nome de algum amanhã
que talvez
chegue
(jm)
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
[ vertigem ]
a vertigem da dor
sempre doída
severa
e comprida...
estar em constante busca
pela rota de fuga
morando em rua sem saída.
(jm)
out/16
[olhar o umbigo]
olhar o umbigo
antes de agir
mascarar os medos
antes de se apresentar
há pressa no julgo
sempre que não se está no lugar
(jm)
out/16
terça-feira, 4 de outubro de 2016
sonhos úmidos
as mãos dormentes na espera
de quem não vem
os olhos cansados
fecham sem comando
no meu sonho
você vem
e o calor é real
acordo sorrindo
e
molhada.
(jm)
terça-feira, 20 de setembro de 2016
[não morreu]
tudo que a gente quer muito
matar
sobrevive
tudo que a gente quer muito
reviver
morre
(jm)
*sugestão de atualização por Michele Santos <3
a linha nada tênue
engajado <<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> enganado
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
[ A noiva ]
A mão havia sido pedida. O derradeiro ato selava o protocolo entre as famílias. Os semblantes pareciam disfarçar intenções pouco amorosas. Faltou ar. Nem por um instante a garota pôde falar. Começava a odisseia dos preparativos para a cerimônia. Mãe e sogra maquinavam tudo em infindáveis detalhes. Só comunicavam o necessário. Buscavam-na quando nas provas do vestido já escolhido. Contrataram centenas de profissionais para que a festa estivesse a altura da ganância deles.
Duas famílias importantes, empresas e muitas ações em jogo. Os homens da família continuavam levando os dias embrulhados em seus próprios negócios, assinando os cheques e cuidando de convidar os maiores sobre-nomes da sociedade. "O grande dia está próximo".
O silêncio morava na menina. Ela havia paralisado, mudado de cor. Mas era tanto barulho e movimento ao redor, um vai e vem de gente e papéis. Listas, convites, telefonemas, agenda, cardápios, decoração, matéria de revista, roupas, serviçais, cores de toalhas e tapetes. Tudo importava mais. As anfitriãs sorriam com tantos dentes nas notícias que pareciam prestes a morder uma a outra.
A última noite da menina chegara, e o céu estava mais claro que sua vida. Fitando as grades da janela, lembrou que pássaro de gaiola não sobrevive no ar. Olhou para seu corpo, tão sem vida, e percorreu as mãos por toda parte, demoradamente. Encontrou abaixo do umbigo, um lugar quente para dedilhar. Ficou ali descobrindo e despertando um tanto de si. Adormeceu.
O dia chega violento, antes de abrir os olhos, o barulho das cinco profissionais de beleza no quarto saúda a noiva. Seguindo instruções minuciosas das contratantes, o discurso motivador acompanhado de muito blush, esmalte e sombra: - "hoje você vai brilhar". O relógio entediado, anda sem sair do lugar. Após muitos piscares de olhos e bocejos, eis que ela está pronta.
Um carro a espera na calçada, junto dele um motorista com terno branco e olhos sorridentes. Espanto. Faísca. Ao abrir a porta, uma pergunta: "Então essa é sua grande noite?", ela faz que sim com a cabeça. Sua boca pesando batom entortou e quase sorriu.
Dentro da igreja, a música começa, tapete e portas se abrem. Caminha a marcha em andar firme e sério. Aqueles desconhecidos falsamente sorrindo, aquelas senhoras chorando, relembrando as próprias frustrações ao olhar pra vida jovem que querem ceifar. Olhava um a um. Nada era sincero. Fim do percurso. Um beijo na testa posado para câmeras. Os homens se abraçam e trocam a refém. Jamais saberemos quanto custou esse acordo.
Outro homem celebra a farsa, diz um tanto de palavras vazias de proveito, tenta algumas piadas para descontrair o ambiente, mas no altar não se vê reação. Chega a hora da pergunta, microfones apostos, alianças ao lado. "Carlos, você aceita a Sra. Verônica Brito de Alencar como sua legítima esposa, para amar e respeitar, na saúde e na doença, na riqueza ou na pobreza, até que a morte os separe?”
- Sim.
"Sra. Verônica, você aceita o Sr. Carlos Fernando Albuquerque Almeida Junqueira Júnior como seu legítimo esposo para amar e respeitar, na saúde e na doença, na riqueza ou na pobreza, até que a morte os separe?”
…
Era a primeira vez que lhe perguntavam o que queria. E ela pôde responder de todo coração.
Aquelas três letras que quando ditas mudam o curso da história.
Pode ser que não sobreviva fora da gaiola, mas se dava o direito de tentar.
Janaína Moitinho
setembro-16
setembro-16
*
Tema: Aquilo que não havia, aconteceu.
Após leitura e análise de Guimarães Rosa em a "Terceira Margem do Rio"
Oficina “Soltando a língua” com Marcelino Freire, Sesc Ipiranga.*
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
~ cachalote ~
~~~~~~~~~
de volta ao ventre
de onde ninguém jamais haveria de ter saído
sinto o cheiro de tudo que está fora
o asco me acompanha
embrulhando os minutos da espera
o ser que me abriga mergulha
e me obriga a girar
não há chão seguro
ventre só acolhe na primeira vez
de agora em diante não há mais vida
o impulso é de morte
e o mundo quer é repelir
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
jm
*exercício para a oficina de escrita "Soltando a língua" com Marcelino Freire, agosto-16
domingo, 24 de julho de 2016
quinta-feira, 14 de julho de 2016
[prumo]
o abismo
que é adentrar
o outro
nesse escuro mundo
teu íntimo,
meu sumo
teu desejo,
meu prumo
quando pouso em você,
sumo.
(jm)
quarta-feira, 29 de junho de 2016
[ Rita ]
Rita falava pouco e pouco também era o que a tirava do sério. Em seu trajeto dos dias, pessoas a olhavam como se identificassem algum grave defeito. Ela já não ligava, era sempre assim. Aquele olhar de desdém ou o pescoço de medir insignificância que lhe apontavam pela rua fazia parte do percurso.
Há alguns meses Rita tinha convidado sua mãe para vir à cidade grande, sabia que envelhecer sozinha não era coisa de se permitir escolher. Seus irmãos não davam a mínima e o restante da família dizia "ter problemas demais". A mãe não aceitou de primeira... era costume daquela senhora que a criou se fazer de durona. Escondia os remédios que precisava tomar e por vezes fazendo isso até os perdia. Os médicos no interior são bem intencionados até, mas não dão conta de tanta demanda, nem perceberam as faltas e o avançar da doença. Depois de muita insistência e diferentes estratégias de convencimento, Rita conseguiu combinar o dia da mudança.
A mãe fazia questão de dizer que seria só por uns tempos, a filha sabia que era pra sempre. Ao menos até o sempre de sua progenitora.
O tempo correu rápido, chegara o dia de buscar sua mais importante hóspede na rodoviária... Assim que a mãe desceu do ônibus, Rita sentiu um bambear nas pernas, o ombro sentiu a responsabilidade e pesou, só pode. A passos lentos e conversas desconexas caminharam juntas. Pela primeira vez a filha seria responsável pela mãe... ela só pensava que estava vivendo uma gestação ao contrário... seriam meses de preparação para o fim... quando sua mãe se preparava não para dar, mas para encontrar a luz.
Rita determinou-se a fazer deste período o mais significativo e feliz para elas, mesmo sabendo que, até então nem ela havia encontrado a receita, o caminho, a razão... Mas sabia fingir bem... na cidade grande a vida também é de aparência. Há muito sangue e choro a noite, mas com o cantar do galo todos já estão a postos para fazer coro com ele e trabalhar, trabalhar sem parar.
A mãe assustou-se com as novas dimensões e paisagens, mas sabia que tamanho não significava muito. O maior medo dela era outro: ser descoberta. Ter sua fraqueza exposta e atrapalhar a vida da filha. Teria que fingir estar bem, dar conta do recado, não sucumbir a doença... Esticar os dias a ponto de serem suficientes para convencer que podia voltar... preferia morrer sem platéia, ter o corpo parte da terra de onde veio, alimentar o que já a alimentou. Morrer na cidade, ela pensava, só daria destino cinza e fumaça, e ela não queria.
Ambas pensando, cada uma em seu mundo paralelo, encontravam-se repetindo a tarefa comum como mantra: fingir, fingir, fingir.
(jm)
exercício para a oficina de Escrita para Mulheres com Jarid Arraes no Sesc Consolação. 27-06-16
{ cena comum }
o fósforo em suas mãos
queimando minhas certezas
acinzentando todo futuro
que não pude ter.
odeio ser inflamável
odeio estar sempre prestes a explodir.
meus passos buscam distâncias
mas o olhar está sempre
a dividir horizontes.
caminho,
mesmo sem saber
até onde sua chama alcança.
(jm)
26-06-16
Alfenas - MG
[a poesia re-vida]
daquilo que salta aos olhos
um sentir que extrapola o corpo
a vivência nada amena
de se lançar nos dias
sempre tendo algo a perder.
que a burocracia não te consuma
que o trabalho não te destrua.
a poesia sobrevive
ao tempo
é forte!
a poesia nasce
no subúrbio cansado dos dias
é eterna!
a poesia é a beleza
que te faz continuar viva
é cura!
(jm)
26-06-16
Alfenas - MG
sexta-feira, 10 de junho de 2016
das vezes de ser ponte
estar entre o ontem e o futuro
ser o agora que rompe
prepara o solo e o corpo
a fração de segundos que muda o rumo
decide entre vida e morte
os batimentos aceleram
raios solares no olhar trocado com horizonte belo e promissor
mas és ponte
ponte é passageira no caminho
possibilita atravessar de um território a outro
é chão entre dúvida e certeza
depois de percorrida, difícil quem queira voltar
ou agradecer
os pés pisam-na
e vão
ela fica e lembra com saudades do tempo que ficou sob
assiste o céu enquanto o próximo chega
e se vai
////
(jm)
quarta-feira, 1 de junho de 2016
~ postais ~
cartões postais
só tem vida
quando visitados.
[sobre RJ e seus prazeres , maio /16]
(jm)
Foto: jm
Paisagens: Lagoa Rodrigo de Freitas e Marília Rossi.
c o n t u r b a d a
nunca pude ouvir o silêncio
nunca pude sentir o gosto da paz
cada vez mais barulhos
sacodindo
dentro e fora
cada vez mais desatinos
sufocando
mente fugaz
não há um espaço ocioso
a vida exige velocidade
ritmo e saúde
não garanto
ouço o despertador gritando
corpo pedindo trégua
atraso
o peso é muito
o estrago maior ainda
sei que posso
mas posso pouco
perto do tanto preciso
pesadelos ocupam as noites
almas guerreando sem descanso
não lembro tudo
mas o despertar machuca
interromper diário
dos dois planos
e eu jogada
lá e cá
aguardando sinais
(jm)
sábado, 28 de maio de 2016
fluxo
esta manhã eu senti que ia morrer
foi tão estranho,
a sensação de morte me acompanha em efeito boomerang
tem tempos
mas dessa vez foi real
não sei se por conta do excesso de álcool na noite anterior
ou o café ingerido para tentar frear a ressaca que a piorou
mas tive algumas horas de taquicardia
dormências nos braços
foi estranho
quando o físico dá esses alarmes, a mente já constrói os enredos póstumos
quis escrever algumas notas de despedida
o celular me sabotou com bateria descarregada
fiquei confabulando o que as pessoas fariam
quanto tempo demorariam pra notar meu corpo enrijecido e sem vida na cama
como tenho dormido fora de horários normais, acho que só perceberiam quando começasse a feder, aqui em casa respeitam minha hibernação
construí essa distância sendo rude com eles, não me orgulho, que fique claro
pensei muito sobre o que estava pensando antes disso tudo
revia arquivos na memória
fotos do passado
felicidades efêmeras
ultimamente reflito sobre os rumos que dei à meus passos
questiono se de fato o amor é esse rombo que fica depois que as pessoas se afastam
penso nos amigos
nos amores
nos vazios que deixam
e eu tento recolorir
reviver
resignificar
mas é tudo vão,
é tudo vão
e eu caio
sempre.
me vejo caindo
um nimbo lembrança
um estado de nunca aqui
nunca presente
nunca estar plena
viver em dúvida
reviver perguntas
repensar respostas já dadas
estudar kms já passados
tenho me afastado dos meus amigos
ou tenho afastado meus amigos de mim
não sei direito
nem mesmo as inspirações eu ando acatando
as poesias
as rimas
as ideias me veem
e eu as deixo circular pela mente
sussuro as palavras
soam tão lindas assim
mas não as quero prender
ultimamente tenho deixado fazer o que quiserem de mim
estou presa a meu corpo
e meus pensamentos
não sei se é saída prender também essa parte do que sou em papel
se eu tivesse morrido esta manhã
como seria?
pra onde iria? será que eu estaria observando ao longe as reações? será que eu poderia escolher por onde vagar, a quem espiar?
pra onde eu iria?
o que de fato ficaria pro mundo, desses trinta anos de mim?
grandes são minhas pretensões,
será que os escorregões seriam pra sempre sepultados? os amigos e familiares tolerariam-me muito mais agora enquanto memória, creio.
as divergências dariam espaço pras celebrações e choros conjuntos?
diriam que morri jovem?
iriam procurar em suas gavetas as cartas que mandei? leriam os livros que tanto recomendei? e as músicas, as bandas esquisitas que divulguei? agora revirariam os links, os rastros virtuais que deixei?
uma morte besta, não sairia no jornal.
talvez nem doesse,
fosse só um ar negado,
um suspiro invertido convidando pro além
eu ainda penso
pra onde iria?
como as pessoas reagiriam?
quem viria em casa reorganizar lembranças? pleitear significados entre os escombros da minha existência acumuladora
tão apegada que sou
a coisas
histórias
e pessoas
não sei se iria facilmente para o novo
não sei se acataria os chamados para luz
eu talvez ficasse de ouvinte e plateia dos caminhos dos meus com essa Janaína morta
preciso rever o que sou
preciso compreender em vida o que significo
se de fato existo como existem em mim
esses amigos
esses amores
ainda bem que não foi dessa vez,
mas também nunca se está pronto pra morrer.
(jm)
julho/15
segunda-feira, 25 de abril de 2016
~ vai ~
vai,
mostra o que tens a dizer
vai,
faz brotar palavra do fundo do teu mundo chão
diz,
sílaba por sílaba o motivo do seu caminhar
vai,
continua
que
na beleza dos gestos incessantes de luta
já fazemos o mundo mudar.
(jm)
Fotografia: João Marcos Nigra Eusoujoma no Slam do Grito na Casa de Cultura Chico Science, abril/16.
quarta-feira, 20 de abril de 2016
das sensações e medos .dela.
a sensação que acompanha
e fica cada vez mais forte
anuncia o fim
a dor de todos
que dói num todo meu
não há parte que escape
latejam os problemas
tiram-me o sono as angústias
é o fim
eu sei e sinto
muito bem
de um ciclo
ou da pele,
da carne, do osso
suspirar, enfim
não me escondo
se for pra morrer
que seja na praia
no caminhar
em direção ao mar
imenso
como somos.
(jm)
domingo, 17 de abril de 2016
os poemas
poemas sempre são endereçados
poemas sempre têm CEP marcados
poemas sempre entregam algo passado
poemas sempre contam o incontável
poemas sempre são armas pelo inominável
poemas
ah, os poemas
confissões do poeta
em direção ao
querer
ser
mais
amado
(jm)
das honrarias: Toda via,
. apresentação feita para o livro Toda via, de Michele Santos, lançado em dezembro de 2015. procurem sobre. ;)
"Um livro não é necessariamente produto, resultado de algo, mas parte de um infinito pulsante e vivo que se tenta dividir com outros. Um esforço em devolver ao mundo, terra - e às vezes corpo também – pisado, uma interpretação, um olhar sobre o percurso vivido.
Vida é e precisa de movimento, como as ondas no mar, que mesmo aparentando calmo, não cessam. A poética sentida e expressa por Michele Santos exige mais que olhos, começa com o passeio destes nas palavras e em pouco tempo tudo se move corpo e alma adentro.
Como ela mesma diz:
"existir é mais contra que com
e ninguém ainda veio comigo"
Justamente por isso nasce “Toda via," a materialização de um convite para que outros visitem esse universo-pessoa que se apresenta em versos e emoções ímpares.
A cada passeio por estas páginas, uma nova interpretação. Sempre outra via a desvendar. Um sentido diferente a cada olhar, múltiplos atalhos e desvios a percorrer em sua própria companhia.
Nesse percurso é bem possível que sensações inéditas se aventurem, pois "em corações de puro sangue/ os dias se abrem em carne viva"
Um aviso: é poesia bruta.
Sugiro pausas para lapidar entendimento a gosto.
Se "ler silêncios dá trabalho", aproveite e encare o teu agora nas páginas que virão. Os encontros pelo caminho dirão se o livro foi lido ou se no fim, ele que nos leu. Soltem os “sintos” e boa viagem! "
(jm)
dos golpes de sempre
independente dos resultados
das tentativas
e lutas
de um lado
ou de outro
que saibamos
respeitar
a dor
das perdas
ou as ilusões
de ganhos
que ultrapassarão
o dito
placar exposto
falemos do que não se pode ver.
o estrago é sempre maior
quando ninguém está disposto
a escutar
e mudar
certezas
ferem mais
(jm)
quarta-feira, 30 de março de 2016
[de r re ter]
prendo-me nas lembranças
carrego fósseis de alegrias idas
nas costas
o peso da vida me impede de andar
meu passado não passa
se esfrega todos os dias
na minha cara
impedindo de futuro h a ver
outro presente
eu nem sei se quero ter
primeiro é preciso parar
de r reter
(jm)
[medianeras]
deixar o amor morrer
apagar lembranças
chorar as dores
rasgar cartas
deletar arquivos
evitar esperanças
não adianta tanto esforço
externo
de dentro
o que foi sincero
vive
e é eterno
(sob efeito de medianeras - julho/15)
(jm)
terça-feira, 8 de março de 2016
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
sábado, 13 de fevereiro de 2016
vômito I
a poeta vocifera
sangra e chora frente às notícias
quer matar e morrer a cada golpe de realidade que lhe dão
ela não pediu nada disso
mas é o que todo dia lhe chega em embrulho cinza metrópole
preferia falar de amor
dos sonhos e impossíveis no coração guardados
preferia sorrir contemplando os céus:
azuis de nuvens múltiplas
ou os negros de cintilantes estrelas a seduzir amantes
e brincar,
e amar,
e narrar,
e viver
leve
levando
mas todo dia é tiro
soco na cara
abuso e tirania
violência tirando a inspiração
dizendo que a beleza deve esperar
que é urgente responder
pegar em armas
é pela sobrevivência que se conclama os corpos a doarem tempo, força, vitalidade
a luta eterna pela dignidade humana.
ou a poesia caminha junta
sendo arma
ou ela pode esperar
como sempre
e como nunca:
é tempo de guerrear.
(jm)
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
< haikais em trio >
<tema livre>
rato nos trilhos
correndo atrás de pão
vem o trem
<eróticos>
roupas ao chão
incêndio no ap
cama na varanda
*
janela aberta
movimentos de corpos
chove dentro.
(Igor, Dafran e Janaína;
Dafran, Janaína e Igor;
Janaína, Igor e Dafran,
um trio bão!)
feitos na oficina de Haikai ministrada por Alice Ruiz no b_arco em 19 de janeiro de 2016.
haikai II
prédios como paisagem
um par de olhos sonha
são verdes
(jm)
*feito para (e na) oficina de Haikai ministrada por Alice Ruiz no b_arco, 20 de janeiro de 2016.
haikai I
noite sem nuvem
pássaros guardados
assistem televisão
(jm)
*desafio para a oficina de Haikai ministrada por Alice Ruiz no b_arco em SP. 20/01/16
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
O confronto do cuspe com o frio e rijo do chão não exige resposta tanque, bomba e canhão. Tínhamos direito ao símbolo mas na São Paulo da covardia massacre virou rotina, luta não é uma e a guerra é se manter em pé.
No senso comum dizem que perigoso é quem rouba, na prática perigoso é quem pensa. Enfrentar status quo, de fato, é o perigo maior.
(jm)
No senso comum dizem que perigoso é quem rouba, na prática perigoso é quem pensa. Enfrentar status quo, de fato, é o perigo maior.
(jm)
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