segunda-feira, 16 de julho de 2018

| síntese reflexiva |


síntese reflexiva após o curso de extensão: “casa redonda – uma experiência em educação” no instituto singularidades



antes de tudo, agradeço as experiências vividas e compartilhadas entre (e com) cada um aqui.


preciso confessar algo: as questões que me movem e me fizeram buscar esse aprofundamento não foram respondidas durante o curso. sinto que elas se ampliaram... e eu sou ainda mais grata por isso.
uma resolução ou verdade que se imponha "absoluta" engessa as múltiplas possibilidades e jeitos de se fazer algo. essa mesma verdade ou "modelo pedagógico" se meramente transferido a qualquer outro habitat educacional estará desconsiderando o quão viva cada escola, cada comunidade dessas é, e está. e ao passo que se ambiciona a aproximação (ou apropriação) de um modelo como se fosse questão meramente de "transferi-lo" técnica ou cientificamente, ignora toda plasticidade das relações humanas e cada fragmento de história, tempo, espaço, energia e sinergia envolvidos que a torna única e irreproduzível. a verdade costuma ser singular. dita imutável. cimentada nos livros e assim pretendida nas mentes e práticas impostas hierarquicamente quando pensamos a estrutura invisível que busca conduzir um espaço e suas práticas de educação. as perguntas em geral vem no plural. implicam sair do lugar pra buscar elementos, exemplos e diferentes explicações. são diversas e por vezes até divertidas. o extremo oposto da enrijecida e séria "verdade".


todos já ouvimos falar (e vender) sobre a tal "receita mágica". e é comum que a busca seja essa. a dose exata de ingredientes que compõe a mistura deliciosa para os sedentos paladares alheios. penso que sendo essa a intenção inicial já nos distanciamos da essência da educação humana e libertária que é tão bem retratada na casa redonda e algumas outras poucas dezenas de espaços revolucionários em educação no país. mas os ingredientes e sabores originais implicam processos que outras 'escolas-cozinhas' esquecem de considerar. a fórmula talvez seja não ter fórmula única. não achar que o "prato está pronto" e não se incomodar com isso, continuar mexendo a panela, provando aqui e ali pra acompanhar a apuração do tempero ao caldo todo.


nessa metáfora, a "panela" da casa redonda está sempre no fogo... fervendo. todos ali valorizam cada ingrediente envolvido no preparo, e cuidam pra equilibrá-los. durante essa fervura, há quem chegue pra provar, e gostando já sugira que apague, estabilize. sirva. mas a meu ver, a busca é incessante e essa panela sempre estará recebendo elementos novos, transformando sabores. e revesando os braços que a mexem e os escolhem.


para além da receita, acredito que é preciso olhar atenta e sensivelmente também todo cenário. a rua. a casa. o quintal. o jardim. a horta. a cozinha. o fogão. a panela. as pessoas. e os semblantes de quem está participando da tarefa. alimentando e sendo alimentado. o que de sublime, afetivo e poético agrega esse fazer. o que a interação de todos os elementos resulta.


o que pude vislumbrar foi práxis. algo que começou e continua contando com pesquisa, trabalho e reflexão, de uma, de dez, de cem ou mais elementos vivos e contraditórios que a compõe. algo que nunca negou o sagrado, o mistério, as intuições e vontades pulsantes.


ressalto o divino,
a criança,
a natureza,
o brincar,
a escuta,
o esforço de uma gigante
a força de um coletivo sensível


e o profundo respeito que permeia a alquimia desses anos todos em exercício.




o aroma do que é feito na casa redonda está pelo ar... e cheira bem, os vizinhos sentem. dá água na boca. mas infelizmente há mais bocas famintas do que panelas e mãos a preparar o alimento. é preciso ativar outras casas, hortas, cozinhas, panelas e pessoas que também "esqueçam" as receitas mágicas e não se amedrontem com a fervura nem com o tempo e o processo desse cozimento todo.


não esquecerei o que vivi e aprendi nesse tempo compartilhado aqui. e o sabor do que provei está gravado em meu palato, me faz querer não desistir de cozinhar também.


janaína moitinho
são paulo, 12 de junho de 2018


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domingo, 15 de julho de 2018

/\ materialização \/


híbrida nascendo
da terra
o solo que alimenta.


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editora vacartonera
lançamento nas ruas da flip,
mas a edição zero brotará em sp, quarta agora. ;)