segunda-feira, 5 de novembro de 2018

sábado, 6 de outubro de 2018

| cordel I |


aqui nessa são paulo
é terror de noite dia
candidatos ao governo
em nenhum vi serventia
doriana frança skaf
minha gente que apatia

homem branco que mesmice
deus me livre avemaria
junta tudo e manda embora
melhor votá na tua tia
chama vó mãe prima
para um pouco escuta as mina

cidadezinha malcriada
fonte de ingratidão
sas mulheres carregaram
em seus ventres munição
gente nova como bala
crescidos sem direção

no brasil não diferente
o quadro todo é de chorar
tem candidato que envergonha
"nascer mulher é fraquejar"
cada discurso criminoso
difícil de aceitar

preconceitos no palanque
os direitos reduzidos
nas pesquisas ultimato
povo escolhendo bandidos
um cenário de desgosto
machistas tudo encostado

por isso hoje sentiscute
sobre essa eleição
as mulheres que calaram
tudo agora gritarão
chega de hipocrisia
pro fascista o #elenao


depois do voto dado
não esquece da lição
política é toda vida
não só apertá botão
escolha bem e se atente
pro país num acabá não.

...

sp, 07 de outubro, 2018


* adaptação de ensaio feito na oficina de cordel com a escritora jarid arraes, ontem.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

| tic tac |


entre tic tac
existe algo

entre um tic e tac
existe sim

entre um tic e um tac
existe tanto

entre um tic tac tic tac
caos

entre um  tic          e         um               tac

fimmmm.


(jm)


segunda-feira, 16 de julho de 2018

| síntese reflexiva |


síntese reflexiva após o curso de extensão: “casa redonda – uma experiência em educação” no instituto singularidades



antes de tudo, agradeço as experiências vividas e compartilhadas entre (e com) cada um aqui.


preciso confessar algo: as questões que me movem e me fizeram buscar esse aprofundamento não foram respondidas durante o curso. sinto que elas se ampliaram... e eu sou ainda mais grata por isso.
uma resolução ou verdade que se imponha "absoluta" engessa as múltiplas possibilidades e jeitos de se fazer algo. essa mesma verdade ou "modelo pedagógico" se meramente transferido a qualquer outro habitat educacional estará desconsiderando o quão viva cada escola, cada comunidade dessas é, e está. e ao passo que se ambiciona a aproximação (ou apropriação) de um modelo como se fosse questão meramente de "transferi-lo" técnica ou cientificamente, ignora toda plasticidade das relações humanas e cada fragmento de história, tempo, espaço, energia e sinergia envolvidos que a torna única e irreproduzível. a verdade costuma ser singular. dita imutável. cimentada nos livros e assim pretendida nas mentes e práticas impostas hierarquicamente quando pensamos a estrutura invisível que busca conduzir um espaço e suas práticas de educação. as perguntas em geral vem no plural. implicam sair do lugar pra buscar elementos, exemplos e diferentes explicações. são diversas e por vezes até divertidas. o extremo oposto da enrijecida e séria "verdade".


todos já ouvimos falar (e vender) sobre a tal "receita mágica". e é comum que a busca seja essa. a dose exata de ingredientes que compõe a mistura deliciosa para os sedentos paladares alheios. penso que sendo essa a intenção inicial já nos distanciamos da essência da educação humana e libertária que é tão bem retratada na casa redonda e algumas outras poucas dezenas de espaços revolucionários em educação no país. mas os ingredientes e sabores originais implicam processos que outras 'escolas-cozinhas' esquecem de considerar. a fórmula talvez seja não ter fórmula única. não achar que o "prato está pronto" e não se incomodar com isso, continuar mexendo a panela, provando aqui e ali pra acompanhar a apuração do tempero ao caldo todo.


nessa metáfora, a "panela" da casa redonda está sempre no fogo... fervendo. todos ali valorizam cada ingrediente envolvido no preparo, e cuidam pra equilibrá-los. durante essa fervura, há quem chegue pra provar, e gostando já sugira que apague, estabilize. sirva. mas a meu ver, a busca é incessante e essa panela sempre estará recebendo elementos novos, transformando sabores. e revesando os braços que a mexem e os escolhem.


para além da receita, acredito que é preciso olhar atenta e sensivelmente também todo cenário. a rua. a casa. o quintal. o jardim. a horta. a cozinha. o fogão. a panela. as pessoas. e os semblantes de quem está participando da tarefa. alimentando e sendo alimentado. o que de sublime, afetivo e poético agrega esse fazer. o que a interação de todos os elementos resulta.


o que pude vislumbrar foi práxis. algo que começou e continua contando com pesquisa, trabalho e reflexão, de uma, de dez, de cem ou mais elementos vivos e contraditórios que a compõe. algo que nunca negou o sagrado, o mistério, as intuições e vontades pulsantes.


ressalto o divino,
a criança,
a natureza,
o brincar,
a escuta,
o esforço de uma gigante
a força de um coletivo sensível


e o profundo respeito que permeia a alquimia desses anos todos em exercício.




o aroma do que é feito na casa redonda está pelo ar... e cheira bem, os vizinhos sentem. dá água na boca. mas infelizmente há mais bocas famintas do que panelas e mãos a preparar o alimento. é preciso ativar outras casas, hortas, cozinhas, panelas e pessoas que também "esqueçam" as receitas mágicas e não se amedrontem com a fervura nem com o tempo e o processo desse cozimento todo.


não esquecerei o que vivi e aprendi nesse tempo compartilhado aqui. e o sabor do que provei está gravado em meu palato, me faz querer não desistir de cozinhar também.


janaína moitinho
são paulo, 12 de junho de 2018


*****

domingo, 15 de julho de 2018

/\ materialização \/


híbrida nascendo
da terra
o solo que alimenta.


***

editora vacartonera
lançamento nas ruas da flip,
mas a edição zero brotará em sp, quarta agora. ;)



quinta-feira, 28 de junho de 2018

| aviso aos bombeiros do inferno |


trabalhas em vão.

ousas fazer, de muito,
o desprovido de proveito.

tantos os dias gastos em feitos sem resultados,
quem te fez crer em salvação?
a gota d'água entregue àquela carcaça no deserto?
não se reverte a morte, no máximo inventa-lhe uma companhia.
o tempo ri da tua cara enquanto sozinho agonizas em brasa.

quem corre chega primeiro, mas pode ter errado o caminho.

ser inerte, vida inútil.
faze-tu, mas sabendo que esforçar-se é indiferente.
tanto quanto tentar capturar brisas com agulhas roxas.

no inferno dos automóveis e suas buzinas oco é tentar se fazer ouvir
há pressa e ruído em cada molécula desse lugar.
não há tempo para amenidades. o fogo em breve virá para cumprir seu papel.

envolvidos na corrida para o fim, não há desejo de fuga. anseiam logo encontrar.

que con
suma tu
do.

tão cinza quanto a cidade,
vidas tão insalubres quanto o ar.

| exercício para a oficina soltando a língua, com marcelino freire, set/16 |


(jm)


domingo, 24 de junho de 2018

| canção |


jambolão
bolão bolão

jambolão
bolão bolão

ele começa na sementinha
ele começa na sementinha

tem semente de nome Maria,
tem semente de nome Maria,

jambolão
bolão bolão

jambolão
bolão bolão

tem semente de nome Clarice
tem semente de nome Clarice

jambolão
bolão bolão

jambolão
bolão bolão


ele começa na sementinha
ele começa na sementinha

....


(jm)


*feito pra turminha de pequenos gigantes desse ano. <3

domingo, 3 de junho de 2018

| lusco-fusco |


Buraco negro no Tempo
Nem antes
Nem depois
Lusco-fusco momento
Pra onde fui quando o Sol se pôs?

Busco e me ofusco
Quem me leva?
A deriva do Vento
O que me cura?
Ervas, lágrimas, palavras
Ungüento

Fui um
Sou dois
Três dias
Quatro Luas vazias
O que virá depois?

Brilho e breu
Você e Eu

Júbilo e Tristeza
Horror e Beleza
Mel e fel
Chão e céu

Remoto e Contíguo
Lusco-fusco do signo
Do lado de fora
Dentro do peito
Gosto de mim e não me  aceito

Primeiro a sobra
Depois a sorte
Primeiro a Obra
Depois a morte

Buraco negro no Tempo
Nem antes
Nem depois
Lusco-fusco
Momento
Pra onde fui quando o Sol se pôs?

(Ademir da Silva e Janaína Moitinho)
2018 | Alfenas-MG

terça-feira, 29 de maio de 2018

sexta-feira, 13 de abril de 2018

| fogo |


o calor externo
pode ser chama pura

mas não esquenta tanto quanto o que carrego
no peito

(jm)

| o avesso |


eu sou o avesso do bordado


o nó da linha que se esconde
e segura todo desenho do mundo

a beleza sustentada pelo divino.
sagrado.
secreto.

fazer.

silencioso.

repetitivo.

das mãos.

e vontades.

humanas.


(jm)


| vento |



fechadas ou abertas
portas não me interessam

bom mesmo é vento
e ver-te da janela
a fitar-me

e pular sobre ela.

(jm)

domingo, 8 de abril de 2018

| mudança de estação |


guardam-se os agasalhos
e polainas

biquinis e ventiladores
são presença garantida

sorvete e açaí
pra refrescar o sol de dentro.

(jm)

| distantes |


os distantes não são opostos

corpos levados pós colisão
navegam mares novos
sem preocupar-se com direção.

(jm)


| tiros |



os tiros fora do alvo
vão pra onde quiser.


(jm)


| Timóteo |



Coliseu dos encontros
das violas e violões
dos sorrisos amigos
dos abraços
dos goles
das palmas
da poesia
da rima
da brisa
da arte
da ação

A Rua Declama com Grito
é revolução!

(maio/17)

domingo, 25 de março de 2018

| promessa |


não alcanço um palmo a frente do meu nariz
não sei pra que ouvidos falo
que peito atinjo com minhas palavras flecha

tento traduzir o que dói e dilacera
sem ferir quem assiste
sendo curativo pro mundo
mesmo ele tendo sido quem acabou comigo

não há culpas que sejam eternas
nem amores que se garantam sem rega.

eu prometo falhar, falhar muito
e eu prometo resistir a ponto de assumir cada uma delas.

(jm)

feito ontem no exercício poético-reflexivo com Jive Poetic no Red Bull Station.

sábado, 24 de março de 2018

| compreenda |


o ciclo profundo
e infindo
daquele que parte
dando start pra tantos que estão vindo

o fluxo divino
de despedir e receber
louvar e agradecer

o movimento
que assimila corpo e memória
pra depois de novo nascer

(jm)

| a voz |


vida não pode depender de aparelhos
vida não pode depender de sinais divinos
vida não pode depender de disponibilidades alheias

vida não pode depender

vida tem que ser

acontecer

que partir
possa
muitas vezes
significar

o melhor permanecer.



(jm)


| plano |


o plano é seguir
e seguindo
me coloco no breu

o escuro trás formas
que o sol escondeu
e me pergunto
o mistério sempre foi teu?

a beleza do dia
o encanto que brilha

os olhos que veem
não escolhem
sempre são meus.

(jm)

| sereia |


na rede dos braços teus
me prendi sereia

no mar dançamos

fingi não saber nadar

(jm)


domingo, 25 de fevereiro de 2018

| múltipla |


as tantas mulheres que sou
os tantos nomes que me dei

todos se encontram quando fecho os olhos
me deixam ir
e reconstróem o ser

contemplo serena

assumo dor e beleza

mais tempo me dou.

(jm)