Faça do 2015
Um vestido novo
Branco
Pronto a receber as palavras
As intenções
Promessas e expectativas
Use e abuse das cores
Mas qdo ser cansar,
Tire -o
Nus aproveitamos melhor
/ sobre performance mulher de palavra, Alfenas-MG, réveillon. /
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
domingo, 21 de dezembro de 2014
(m)eu sobrado
nada é por acaso,
se eu morasse em prédio
hoje eu já teria pulado.
minha casa
nem ao menos é sobrado,
ó como Deus é sábio.
(jm)
os saberes
sabe vingar
sabe chorar
sabe controlar
fingir
provocar
sabe amar
mas finge
isso não mais praticar.
(jm)
acordes
acorde
com acordes
de um violão
suave
melodia
entrega-te ao som
saindo dos dedos
invadindo corações.
(jm)
instinto
quentes
estão os lençóis
dos amantes
insaciáveis
eles assistem
seus corpos
a movimentar-se
e a remexer
num ritmo delicioso
não param
não se saciam
querem sempre mais
um do outro
prazer
carnal
que não precisa
de desculpas ou carnaval
pra eles
todo dia
pode ser uma delícia
maior ou igual
sem reprimir
o instinto animal
que é quem manda afinal
(jm)
desânimo
afunda-te em desânimo
beija a lama
escorrega pro fundo
sem ter onde segurar-se
encontra teu reflexo
reconhece a fraude
aceita-te
reúna teus pedaços
e volta.
viva sabendo
a merda que és.
não almeje melhorar
fora
o que ainda apodrece
dentro.
(jm)
teclados e telas
teclados e telas afastam o que a vida tem de bela amores e amizades através delas congelam
(jm)
adolescer
a menina não é mais tão menina mas não se vê mulher engraçado perto dos 30 é que sentiu-se adolescer dirão ser crise mas pra ela cada um tem seu tempo e ritmo de existir esquecer datas aniversários, RGs é a dica que no poema ela deixa pra você.
(jm)
poesia íntima
não conta as peripécias nem pras amigas
mas não resiste quando se depara com papel e tinta.
(jm)
aos repetentes
menina sonha no passo acelerado dos dias deseja companhia prefere que a prefiram e que com ela sorriam não pede muito sinceridade e entrega na mesma proporção que lhe dá uns pensam ser astutos quando dela fogem depois de algo conseguir pena, pois para ela melhor do que inaugurar é bem gostoso o repetir. e repetir, e repetir.
(jm)
acordei...
acordei me sentindo vazio acordei achando o mundo meio vadio acordei querendo o que achei que tivesse acordei sabendo que possuir é ilusão acordei com vontade de chão acordei a mente, mas o corpo não acordei mas especialmente hoje dos sonhos não queria ter saído, não.
(jm)
mania
mania besta essa de achar que poeta é gente diferente da gente poeta é todo aquele que sente a vida latente a diferença está em que alguns escrevem outros só sentem
(jm)
doses
em boa companhia nunca se dorme corpos exaustos aguentam sempre uma segunda terceira quarta dose
(jm)
olhar-desejo
quero sentir do teu olhar desejo fulminante a nos matar impossível longe ficar quando no peito o amor não aceita parar precisa de ar fugir do peito correr pras letras e num poema respirar
(jm) 21/04/14
teletransporte
sinto saudade quando isso te falo só me diz: vem! parece simples mas pro teletransporte não tenho vintém engulho orgulho conto segredos me entrego faço planos abro o coração você dentro nem liga examina pisa pega faca e crava (sua ou minha sina assassina) besteira amar quem não tem a mesma vontade de se entregar saí dessa cilada procure outro porto pra at(r)acar alma abraço corpo e membros pra morar 21/04/14
muros
aos muros murros pra que não nos separem aos murros muros pra que não nos atinjam
(jm)
21/04/14
vento
vento que leva vento que trás se hoje choro amanhã tanto faz vento por favor se me ouvir reclamar não corte-me as asas mas me ajude a voar. (j.m)
09/03/14 para o desafio brasileiro de poesia no facebook
no forno
um amor na trave
um amor bonito
mas estabanado
fermento demais
faz explodir a massa
talvez expectativas
sejam o fermento da vida
cuidado
pra não pesar a mão
ou acostume -se
com teus restos
virando sujeira no fogão.
(jm)
um amor bonito
mas estabanado
fermento demais
faz explodir a massa
talvez expectativas
sejam o fermento da vida
cuidado
pra não pesar a mão
ou acostume -se
com teus restos
virando sujeira no fogão.
(jm)
sábado, 20 de dezembro de 2014
felicidade
nada
nem ninguém
muito menos você
irá me barrar.
continuo firme no caminho
e no passo
que a felicidade há de chegar
e quando ela vir,
não deixarei que se vá.
(jm)
nem ninguém
muito menos você
irá me barrar.
continuo firme no caminho
e no passo
que a felicidade há de chegar
e quando ela vir,
não deixarei que se vá.
(jm)
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
sedução
saí hoje
querendo seduzir
olhei pra ele
e provoquei :
- tá bom pra você?
fiz o giro clichê,
ele brilhou
fitou demoradamente
cada detalhe
quase o ouvi dizer :
- esse espelho aqui
te prefere nu.
(jm)
fev/14
padrão
gorda pra grife
magra pra plus size
façam o favor
de se decidir
porque tô afim
de gastar meu
mastercard.
(jm)
fev/14
voltas
o absoluto
e o absurdo :
as voltas
que o mundo dá
enquanto pensamos
não ter saído
do lugar.
(jm)
o nome
o peso do nome
é que te fez diferente
te sufocou
deixou perdido
consumido
fujo do diagnóstico
por isso
eu sinto
e
só.
(jm)
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
balão
me dê sua mão
vamos subir
do chão
pro balão
voar com passarinhos
almoçar nuvens
nos amar bem de mansinho
quando alegria
evaporar
a gente pula.
(jm)
fev/14
faz pArte
arte faz parte
de tudo
faz arte
de tudo parte
parte faz tudo
da arte
faz tudo
arte da parte
tudo faz
parte da arte
da arte faz
parte tudo.
(jm)
fev/14
risco
risco
no disco
faz
repetir e
repetir
sempre
aquele mesmo
pedaço
você
é o risco na
minha
retina
vira e mexe
penso em você
e...
vocêvocêvocêvocê
(jm)
nov/14
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
a lápis
quero ser desenhada
por teus dedos
contornada
curvas ressaltadas
cores,
tons,
sem esquecer as sombras
me sentir lápis
em teus dedos ágeis
e contornar
contornar
com tornar
passear contigo
no espaço
da inspiração ao
efetivo traço
me lanço no mundo
caio
desaponto.
tu me substituis
lápis existem as pencas.
(jm)
pArtes
sigo caindo
aos pedaços
parada talvez
estabilizasse
mas prefiro
a idéia
de movimento
percurso
de me plantar
no mundo
despencando assim
pouco a pouco
por onde passar
partes
por toda
parte
talvez a esses restos
pelo caminho
chamemos
Arte.
(jm)
domingo, 30 de novembro de 2014
domingo, 16 de novembro de 2014
extremos
os extremos
opostos
que se cuidem
buscam tanto
se afastar
um do outro
que
se esquecem
da mais básica
lição :
o mundo
é redondo.
de tanto fugir
logo darão as mãos.
(jm)
baratas
não interrompemos
as baratas
e seu ligeiro
trafegar
há gente
muito mais
suja
que elas
e não vejo
ninguém
chinelar.
(jm)
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
o tiro
um tiro no peito
doeria menos
mas não
não é um pedido
a gente sangra
chora
mas é certo
que sobrevive
amor não mata
...
nem quando sobra
nem quando falta.
(jm)
12/dez/13
domingo, 9 de novembro de 2014
multidões
multidões
numa mesma
direção
num mesmo
passo
olho tudo isso
e me pergunto:
humanos
ou
gados?
(jm)
17/mar/14
sp sem cor
galhos
carcaças
becos
calçadas
paisagens
de vidas
secas,
quebradas.
onde estão as cores?
onde estarão os amores?
por onde olho
há morte
dissabores.
são paulo
do cinza
e da pressa
corre-se por tudo
e por ninguém.
aspiro
e conspiro
por arte,
sorte no respiro.
em busca
de alcançar
o que preciso
inverter
as lógicas
e os juízos
é pra isso que eu vivo.
(jm)
12/jun/14
novo
fazer valer
cada dia
pulsando,
caminhando,
errando,
aprendendo e
amando.
olhar o mundo
e os outros
como quem
os acolhe
buscando o melhor
um novo
que ainda não tem
(e talvez nem precise de)
nome.
(jm)
15/jun/14
alfenas- mg
in_finito
olho e vejo
hora sim
hora não
você,
eu,
aquele amor
nos corpos
marcas de paixão
sede sanada
quando
passo contigo
uma noite acordada
pele na pele
colada
cicatriz
no íntimo
todo percurso teu
em mim
...
volte
continue
fique
aqui
seja
eu
comigo
sem fim.
(jm)
domingo, 2 de novembro de 2014
velocidade
o segredo não está na alta velocidade
pressa é ilusão,
gostoso mesmo é demorar,
di vagar.
(jm)
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
notas do fim
é o fim.
é o fim!
pego -te
pensando
em mim
em como
terminar
aquilo que
fincou
em ti.
solo frio
sem vida
não deixou
germinar
o bem
que
te
queria.
(jm)
prisão certeza
certezas
são duras
pesam
machucam
é preciso
desconstruir
quebrar uma
a uma
pra ser livre
pra ser leve
as marcas ficam,
os cacos
(como cicatrizes)
mostram
o que passou
flores
e destruição
idéias
que vem
e vão
(jm)
(dialogando com a performance de Daniel Minchoni, operário da poesia)
ruínas
as cores
gostos
e sons
dos medos
das máscaras
dos destinos
de tantos
corpos
partidos
ruínas
de certezas
no passado
construídas
hoje não mais
que lembranças
na fotografia
(jm)
domingo, 19 de outubro de 2014
confissões
nas confusões
dos braços
e abraços
me pego
e apego
pernas
ombros
peitos largos
bocas
mãos
pele na pele
afagos
dois virando um todo
enroscados
nós nos
enchendo
de imagens
desejo
sede
vontade
corpo confesso
encontra solução
e pede:
não vem tarde!
(jm)
brinco de amor
ao beijo
não cedeu
não quis mais brincar
de beija
e passa
pega
e larga
quer
quem
muito
a queira
e que
não brinque
de amor
mas
que o seja.
(jm)
setembro / 2014
terça-feira, 14 de outubro de 2014
domingo, 12 de outubro de 2014
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Sentida
...
sem ti, dá
(jm)
*valeu o prêmio na categoria "Nano" no Menor Slam do Mundo no último sábado.
domingo, 27 de julho de 2014
Fôlego
Aquele que nos tira o fôlego,
Alguma hora precisará devolver.
Não há romance na morte por asfixia.
(jm)
domingo, 13 de julho de 2014
[O texto que deu nome ao blog]
Através de amigos em comum, esse texto me chegou aos olhos (e coração):
Panflêto Inútil
A solidão reconhece-se aos poucos.
Às vezes é tarde demais quando se a percebe.
Está no não sorrir pro porteiro, no edifício.
Está no cigarro queimando na boca.
Na hora exata em que não se atende ao chamado.
Na preguiça da manhã.
Atravessar o túnel vazio, de noite.
Amar os gatos.
E não sorrir por inteiro no carnaval.
Não sorrir por inteiro jamais.
Ficar de pijama até tarde.
Saber-se só na manhã, e gostar disso.
E ter surtos de saudade apaziguados num telefonema, de tarde.
E saciar-se nele
E logo sentir-se pleno ao bom dia do jardineiro,
da môça da farmácia, do gari.
A solidão reconhece-se olhando pro céu,essa bobagem sem fim.
Nas horas paradas de fazer a barba. No auto flagelo.
“ Não flagelarás ninguém”, deveria ter dito.
E na solidão, o flagelado é você.
Olhando a urina no vaso,
Relendo Rimbaud no sofá
Passando manteiga no pão
Contando segredo ao garçom.
A solidão reconhece-se no casamento da prima ruiva.
No porre tomado ali.
No esquecer –se as palavras da mãe, da avó e do pai.
Nas horas a fixar-se em você, em cravos, estrias, em poros abertos.
Está na cigarra e não na formiga.
No tigre, e nunca no lôbo.
Na tartaruga do mar,
No retrato,
No autista,
No meio do mato.
Está na óstia da primeira comunhão.
No vírus cruel dos sangues.
Na hora de escovar os dentes
Na hora de sonhar também.
Está no homem de terno da ponte -aérea.
Na demonstração dos métodos de segurança da môça aeromoça.
No ganido do cãozinho que saiu da toca,
Na mulher cujo filho morreu,
Na presidência de uma república.
Na overdose de pó,
No sorriso de Elis Regina,
No Farol da Barra,
No poema, na ressaca e em Deus.
Reconhece-se na espera pelo amante e logo depois do gôzo.
E na rosa colhida,
Na hibernação do urso,
No cofre do banco ,
Na cadeira vazia,
Nas migrações em massa,
No ovo.
Em Narciso, Medéia e Pierrô.
Em Chaplin, em Van Gogh, em Greta Garbo.
A solidão está na meninice e também na velhice das gentes.
No leito final, cheio de flores.
Caixa eletrônico, celular, células.
As células são a própria solidão ladeada por outras solidões.
Unidas, formando o tédio e sós.
O casamento dos homens é a própria solidão,
O não estar no grupo: um retirar-se.
Duras, Graciliano Ramos, Kazuo.
A solidão é como no início de tudo.
O outro é a explosão de vida e de dor.
Você é a pulsão sozinha de um milagre sem nome,
Que orbita em torno de infinitas solidões.
Girando, sozinho.
Reconhece-se no prazer que o toque da sêda nos causa ao vestir.
Na hora do assalto à mão armada, e na primeira masturbação.
Quando se chega ao topo do môrro, e quando se cai de joelhos.
Ao acender uma vela,
Ao maldizer um patrão,
Ao se regar uma planta,
Ao desistir-se do amor.
Defronte ao espelho,
Atrás da Matriz,
No Belo Horizonte,
Na catástrofe, qualquer uma.
A solidão se aconchega na prece, na reza e na maldição.
É a avó quando costura,
O lavrador e seu cavalo,
A menina menstruando,
O soldado da guerra,
De novo, o poema.
O cacto, a tartaruga,
A estrêla, a pipa no céu,
Ranho de nariz, sapos.
Sapos são solitários. Acho.
E pessoas.
Mas em pessoas, a solidão dói mais.
(Mateus Nachtergaele, 28 de janeiro de 2013)
O trecho:
"Você é a pulsão sozinha de um milagre sem nome,
Que orbita em torno de infinitas solidões.
Girando, sozinho."
reverberou muito em mim, muito.
Pedi autorização ao Mateus, e carinhosamente ele permitiu que eu publicasse aqui. Até para que mais pessoas possam ser tocadas, assim como eu.
Pra mim Arte é isso, um constante "salvar" vidas, a de quem faz, se expressa, e as daqueles que a contemplam, que são atingidos e se sentem representados, de certa forma lidos, desvendados. Grata por toda inspiração do Mateus, e também pela generosidade em permitir-me publicar esse texto feito por ele, mas que já sinto tão (m)eu.
Leiam, sintam, inspirem-se.
A solidão reconhece-se aos poucos.
Às vezes é tarde demais quando se a percebe.
Está no não sorrir pro porteiro, no edifício.
Está no cigarro queimando na boca.
Na hora exata em que não se atende ao chamado.
Na preguiça da manhã.
Atravessar o túnel vazio, de noite.
Amar os gatos.
E não sorrir por inteiro no carnaval.
Não sorrir por inteiro jamais.
Ficar de pijama até tarde.
Saber-se só na manhã, e gostar disso.
E ter surtos de saudade apaziguados num telefonema, de tarde.
E saciar-se nele
E logo sentir-se pleno ao bom dia do jardineiro,
da môça da farmácia, do gari.
A solidão reconhece-se olhando pro céu,essa bobagem sem fim.
Nas horas paradas de fazer a barba. No auto flagelo.
“ Não flagelarás ninguém”, deveria ter dito.
E na solidão, o flagelado é você.
Olhando a urina no vaso,
Relendo Rimbaud no sofá
Passando manteiga no pão
Contando segredo ao garçom.
A solidão reconhece-se no casamento da prima ruiva.
No porre tomado ali.
No esquecer –se as palavras da mãe, da avó e do pai.
Nas horas a fixar-se em você, em cravos, estrias, em poros abertos.
Está na cigarra e não na formiga.
No tigre, e nunca no lôbo.
Na tartaruga do mar,
No retrato,
No autista,
No meio do mato.
Está na óstia da primeira comunhão.
No vírus cruel dos sangues.
Na hora de escovar os dentes
Na hora de sonhar também.
Está no homem de terno da ponte -aérea.
Na demonstração dos métodos de segurança da môça aeromoça.
No ganido do cãozinho que saiu da toca,
Na mulher cujo filho morreu,
Na presidência de uma república.
Na overdose de pó,
No sorriso de Elis Regina,
No Farol da Barra,
No poema, na ressaca e em Deus.
Reconhece-se na espera pelo amante e logo depois do gôzo.
E na rosa colhida,
Na hibernação do urso,
No cofre do banco ,
Na cadeira vazia,
Nas migrações em massa,
No ovo.
Em Narciso, Medéia e Pierrô.
Em Chaplin, em Van Gogh, em Greta Garbo.
A solidão está na meninice e também na velhice das gentes.
No leito final, cheio de flores.
Caixa eletrônico, celular, células.
As células são a própria solidão ladeada por outras solidões.
Unidas, formando o tédio e sós.
O casamento dos homens é a própria solidão,
O não estar no grupo: um retirar-se.
Duras, Graciliano Ramos, Kazuo.
A solidão é como no início de tudo.
O outro é a explosão de vida e de dor.
Você é a pulsão sozinha de um milagre sem nome,
Que orbita em torno de infinitas solidões.
Girando, sozinho.
Reconhece-se no prazer que o toque da sêda nos causa ao vestir.
Na hora do assalto à mão armada, e na primeira masturbação.
Quando se chega ao topo do môrro, e quando se cai de joelhos.
Ao acender uma vela,
Ao maldizer um patrão,
Ao se regar uma planta,
Ao desistir-se do amor.
Defronte ao espelho,
Atrás da Matriz,
No Belo Horizonte,
Na catástrofe, qualquer uma.
A solidão se aconchega na prece, na reza e na maldição.
É a avó quando costura,
O lavrador e seu cavalo,
A menina menstruando,
O soldado da guerra,
De novo, o poema.
O cacto, a tartaruga,
A estrêla, a pipa no céu,
Ranho de nariz, sapos.
Sapos são solitários. Acho.
E pessoas.
Mas em pessoas, a solidão dói mais.
(Mateus Nachtergaele, 28 de janeiro de 2013)
O trecho:
"Você é a pulsão sozinha de um milagre sem nome,
Que orbita em torno de infinitas solidões.
Girando, sozinho."
reverberou muito em mim, muito.
Pedi autorização ao Mateus, e carinhosamente ele permitiu que eu publicasse aqui. Até para que mais pessoas possam ser tocadas, assim como eu.
Pra mim Arte é isso, um constante "salvar" vidas, a de quem faz, se expressa, e as daqueles que a contemplam, que são atingidos e se sentem representados, de certa forma lidos, desvendados. Grata por toda inspiração do Mateus, e também pela generosidade em permitir-me publicar esse texto feito por ele, mas que já sinto tão (m)eu.
Leiam, sintam, inspirem-se.
É tudo sobre você
É tudo sobre você.
Tudo!
Absolutamente.
Do detalhe
ao corrente
O que agrada
O que enfrentas
As perguntas e
respostas,
todas.
É tudo sobre você.
Jeito de andar
ou correr
de olhar
de pensar
a si e aos outros
O que amas
o que odeia.
Por que(m) te inflamas.
É tudo sobre você.
E no caso
-específico-
do poema...
é sobre mim,
mas agora que o li,
é sobre você também!
se pensar bem,
no fundo
é tudo
"eu"
em você.
[sobre o ego e suas armadilhas inescapáveis]
(jm)
Curva e tropeço
Não há vida
sem curva
É preciso
sair da linha
do eixo
Se faz fundamental
o tombo
Ajuda a desenhar
ondas de vida
Emoções
erros
acertos
encontros
beijos
e adeus
inícios
meios
fins
sempre
recomeço
O segredo
e a beleza
de tudo
no tropeço.
(jm)
Sobre pedaços
Um pedaço teu
Flutua no mar eu
Mande outro
E outro
E outro
Guardo e aguardo
Parte por parte
Até que estejas
Inteiro
Imenso
A se confundir
Em mim
(jm)
terça-feira, 8 de julho de 2014
Na periferia
é na periferia que o sangue escorre,
é no bolso dos grandes que a grana some.
alimento habitação
saúde saneamento educação
os impostos são pra isso
mas cadê devolução?
a grana por aí acumulando a fortuna de alguém
em aplicação
a gente paga a conta
desde a hora que nasce
trabalha pra enriquecer um grupo
e seguir suas 'leis'
e se você se negar,
se se você destoar,
aaah
pode esperar que ele vem - ou manda - te cobrar.
hoje é dia de lágrima escorrer
em minhas veias corre sangue
na rua também
(jm)
em 29/10/13 para Douglas Rodrigues
"por quê o senhor atirou em mim?"
AMétrica
por medo da MÉTRICA
muita gente deixa de ser poeta
por medo da métrica
MUITA GENTE deixa de ser poeta
por medo da métrica
muita gente deixa de ser POETA
foda-se ela.
(jm)
março/14
Cinza, tristeza e pijama
uns querem morar em poemas
outros em corações
e corpos em chamas
eu hoje só peço pra que me deixem
na cama,
vestindo dos pés a cabeça
tristeza como pijama.
[sobre um_a manhã sem sol]
(jm)
17/05/14
Filhos da mãe natureza
apaixonam-se facilmente
as pessoas
que olham o mundo
com atenção
são apaixonantes
os filhos
deste vasto mundo
todos com suas
infinitas belezas
afinal,
são filhos legítimos
da mãe natureza
amar as paisagens
amar os animais
amar as pessoas
encarar ao redor
como habitat
e o outro
como irmão
nem maior nem menor
todos com seu
inestimável valor
(jm)
Choro ou fortaleza?
chora
chora a humanidade
que em teu peito
vigora
não é vergonha
alguma
mostrar fraqueza
fortalezas
impedem aproximações
repelem e assustam
se você desmoronar
aquiete o coração
amores amigos
estarão por perto
pra ajudar a remontar-te
e nessa obra
quem sabe
tu não ganhe
partes novas?
e grandes motivos
pra comemorar?
(jm)
segunda-feira, 30 de junho de 2014
A ninguém
a ninguém
o direito
de me tirar do eixo
a ninguém
o poder
de me dizer o que sou
ou o que devo fazer
a ninguém
eu permita amar mais
que a mim mesma
não é ego
nem umbigo
o lance aqui
é sobrevivência
em mim
você não vai pisar
porque já não
estou (mais) no chão
(jm)
28/05/14
Amor e mar
amor e mar
amantes a eles contemplar
tudo é uma questão
de mergulhar
corpos coragem
vidas que valem
o risco de ir ou ficar
assim como as ondas
incessante movimentar
formar quebrar recuar
ir
mas de algum jeito
sempre ficar
marcas deixar
por onde passar
pobre daquele que tem medo
e se priva
de nesse (a)mar se jogar.
(jm)
domingo, 29 de junho de 2014
Ensaio sobre a cigarra e a formiga
tenho pena de quem acha
que só a formiga trabalha
que a cigarra é encostada
e tem preguiça de lutar
mal sabem esses
que a força da formiga
está contida no cantar
da suposta inimiga
sem cigarra
não há formiga sadia
a primeira canta
mesmo com o vazio na barriga
assim como elas, são os poetas
vidas a deriva, cheios de dor e fome
mas embelezando os dias
de toda essa gente sofrida
não se engane,
ambos carregam nas costas o peso da vida
se manter em pé,
(pra caminhar ou cantar)
é trabalho árduo de todos os dias.
(jm)
que só a formiga trabalha
que a cigarra é encostada
e tem preguiça de lutar
mal sabem esses
que a força da formiga
está contida no cantar
da suposta inimiga
sem cigarra
não há formiga sadia
a primeira canta
mesmo com o vazio na barriga
assim como elas, são os poetas
vidas a deriva, cheios de dor e fome
mas embelezando os dias
de toda essa gente sofrida
não se engane,
ambos carregam nas costas o peso da vida
se manter em pé,
(pra caminhar ou cantar)
é trabalho árduo de todos os dias.
(jm)
01/05/14
Peixes, mulheres e homens na rede
pessoas como figurinhas
coladas na rede
colecionadas
expostas
curtidas
até serem excluídas
ou bloqueadas
por não fazerem coro
às regras e conveniências
previamente estabelecidas
sigo insistindo
do real não fujo
virtual importa
mas consome tempo
e vida útil
cuidado,
nos cuidemos
uns aos outros
bons ou não,
danos e alertas estão aí
e são para todos
(jm)
abril/14
* imagem extraída do www.anda.jor.br com ativistas da PETA na Alemanha.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Eclipseu
se sou menina da noite
e da lua
devia estar acostumada
a viver em dias
sem sol
nesse céu
nosso de todos os dias
ambos sempre estão
mas não há escolhas
vemos uma ou outro
quando há eclipse
contento
contemplo
e não só o céu
mas a vida
me soa
e brilha
completa.
(jm)
Desejo (d)e permanência
O primeiro blog nasceu em 2002,
outros nasceram depois, mas não vingaram.
os (muitos) anos se passaram, mudaram-se os modos e as plataformas do 'escrever'
e eu cada vez publicando menos.
hoje, gavetas e arquivos transbordam.
Neste blog, mesmo timidamente, espero permanecer.
Registrar parte do muito que me têm ocorrido pelos caminhos vividos, ora doces, ora doídos.
E por hora é isso.
Bem-vinda,
Bem-vindo.
não é preciso limpar os pés ao entrar,
cada resíduo se faz importante na co-nstrução dos sentidos.
Até mais LER.
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