quarta-feira, 28 de junho de 2023

segunda-feira, 29 de maio de 2023

tudo é vestígio ,

 

os rastros 

são ratos

e se multiplicam


amnésia não é opcional


'parado' não existe

respiração é movimento


o tempo rege


tudo é vestígio,


(jm)


rascunho de 18-10-2021

sábado, 8 de janeiro de 2022

| múltiplas |

 

o que há pra esconder

que neste branco não posso contar?


tento pensar com a caneta junto 

registrando 

e pouco filtrar


dentro sou muitas,


fico sempre na dúvida

de quem está a falar...


(jm)


|2020|  


quinta-feira, 27 de maio de 2021

| Amélia* |

 

Certa em fazer tanta exigência

e em questionar o que você me faz.

Você bem sabe o que é consciência,

não vem dizer que nasceu incapaz


Você só quer folga e limpeza,

tudo que você suja me traz?

Ai meu Deus, quem conhece a Amélia?

Aquela sim é que é prafrentex


As vezes tinha a peixeira do lado

E achava bonito não ter o que temer

e quando via alguém contrariado

dizia: e aí, o que ce vai fazer?


Amélia gostava do corpo e da idade

Amélia vivia feliz de verdade

É, você só quer folga e limpeza

tudo que você suja me traz?


Ai meu Deus me apresenta a Amélia

Aquela sim é que é prafrentex


Amélia gostava do corpo e da idade

Amélia vivia feliz de verdade!




por Janaína Moitinho



***


exercício/paródia feita pro Ateliê de Escrita: Poesia de Luta na América Latina com Jeff Vasques pelo Sesc Campinas, maio/2021.


* " Ai! que saudade da Amélia" - música original composta por Mário Lago e Ataulfo Alves.



***

quarta-feira, 17 de março de 2021

| mergulho e milagre |

mergulho nas dobras do tempo

assistindo quem fui

nos tantos encontros solares


na superfície do agora

um choque de temperaturas

e o alarme das faltas

nesse cenário que arde


mergulho de novo

e de novo

pois só o movimento cura

e a esperança viva há de ser bálsamo e milagre. 


(jm)


17/03/2021

_ 1 ano em isolamento _

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

| corpo-sangue |

 o corpo vivo

sangrando em excesso

pede socorro


o corpo aparentemente vivo

morde toda esperança 

que vê

alimento pouco para 

não se partir


corpo que nada cabe

corpo que nunca coube


corpo que se vende adulto

em flash, passo

porte e casca

mas por dentro infante 

perdido chora

sem colos, risos 

nem rumos


corpo que tanto se empresta

se esforça

se curva

se aperta


corpo que não sonha 

porque não dorme


corpo cansaço de luta muita

clama festa de almas e luzes 

a dançar


corpo corpo corpo  

corpo disparadeiro

corpo mar

corpo onda

inundação


corpo tão nu

corpo meu

corpo sagrado 

que carrego


corpo de quem ora

aterra

banha

geme

e abraça


(jm)

out/2020 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

| proletária |

 

ter a interdição como companheira da vida


na infância por justificativa da responsabilidade ausente


na juventude por alegada falta de independência e juízo


na vida adulta, com todos os requisitos anteriores

falta energia, saúde, rebeldia e vontade.

somos o ser que se esquece a que veio.


vivemos pra reproduzir caminhos já idos

dos nossos que tanto já se cansaram

pegar o bastão deixado 

e correr

obedecer

amansar 

se conformar

pra pagar o teto e não morrer de fome.


esperando o próximo

que chega

assume o bastão

e também se vai.


(jm)