sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

sábado, 13 de fevereiro de 2016

vômito I



a poeta vocifera
sangra e chora frente às notícias
quer matar e morrer a cada golpe de realidade que lhe dão

ela não pediu nada disso
mas é o que todo dia lhe chega em embrulho cinza metrópole

preferia falar de amor
dos sonhos e impossíveis no coração guardados

preferia sorrir contemplando os céus:
azuis de nuvens múltiplas
ou os negros de cintilantes estrelas a seduzir amantes

e brincar,
e amar,
e narrar,
e viver

leve
levando

mas todo dia é tiro
soco na cara
abuso e tirania

violência tirando a inspiração
dizendo que a beleza deve esperar
que é urgente responder
pegar em armas

é pela sobrevivência que se conclama os corpos a doarem tempo, força, vitalidade

a luta eterna pela dignidade humana.

ou a poesia caminha junta
sendo arma
ou ela pode esperar

como sempre
e como nunca:
é tempo de guerrear.


(jm)