sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

| corpo-sangue |

 o corpo vivo

sangrando em excesso

pede socorro


o corpo aparentemente vivo

morde toda esperança 

que vê

alimento pouco para 

não se partir


corpo que nada cabe

corpo que nunca coube


corpo que se vende adulto

em flash, passo

porte e casca

mas por dentro infante 

perdido chora

sem colos, risos 

nem rumos


corpo que tanto se empresta

se esforça

se curva

se aperta


corpo que não sonha 

porque não dorme


corpo cansaço de luta muita

clama festa de almas e luzes 

a dançar


corpo corpo corpo  

corpo disparadeiro

corpo mar

corpo onda

inundação


corpo tão nu

corpo meu

corpo sagrado 

que carrego


corpo de quem ora

aterra

banha

geme

e abraça


(jm)

out/2020 

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